Seja no mercado voltado para segurança residencial ou de condomínios, seja no de serviços públicos de monitoramento de vias, o setor de sistemas de segurança tem crescido muito nos últimos anos, por conta do aumento da violência nas grandes cidades e por conta do avanço tecnológico. As portarias remotas nos condomínios e os totens de segurança, como os implantados recentemente em Diadema, estão entre as apostas para este ano.
De acordo com Selma Migliori, presidente da Abese (Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança), o setor cresceu 18% em 2021 comparado a 2020. Os números do ano passado ainda não são conhecidos, mas na opinião da empresária, é certo que haverá crescimento. “O segmento provê de informações a segurança. Veja o caso do jogador Daniel Alves – que está preso na Espanha acusado de violência sexual que teria ocorrido em uma casa noturna -, foram as câmeras de segurança que ajudaram na apuração”, diz.
O setor tem crescido em algumas verticais, como a da portaria remota e também no conjunto de conceitos de cidades inteligentes. “Estamos, em conjunto com a indústria de softwares, busca trazer soluções e a pandemia avançou muito esse processo. Junto também ao Ministério da Ciência e Tecnologia buscamos estimular a produção aqui da maioria dos componentes e evitar a dependência da China”, disse Selma. O setor sofreu, a exemplo da indústria automobilística, com a falta de semicondutores nos últimos dois anos.
Tema polêmico, as portarias remotas levantam elogios, ao passo que reduzem custos com pessoal nos condomínios, e também críticas, porque há quem defenda que os porteiros são peças importantes na segurança. Segundo Selma é falsa a sensação de maior segurança com os funcionários. “O sistema armazena todo o atendimento tanto de voz quando de imagem e acaba com as situações de erro humano”, diz a presidente da Abese, que rebate a crítica de que esse avanço tecnológico vá significar desemprego na categoria.
“Precisamos capacitar esses porteiros e trazê-los para as centrais de monitoramento. Isso vai aumentar a segurança e ainda preserva a vida desses profissionais”. Segundo a Abese o setor emprega em todo o País cerca de 2,5 milhões de pessoas direta e indiretamente.
Houve situações em que houve problema em condomínios, com portaria remota, como o que ocorreu em São Caetano em novembro quando criminosos perceberam que não havia ninguém na portaria do prédio e forçaram o portão da garagem para levar carros e motos. Os invasores acabaram presos pela PM.
Para o empresário andreense, sócio-criador do CT Hub, Silvano Barbosa, no caso do prédio invadido, foi uma falha na implantação do sistema, se tivessem travas eletromagnéticas no portão eles não conseguiriam abrir. “Foi uma concepção errada do projeto. Hoje as portarias remotas estão em um percentual muito pequeno nos condomínios, mas a tendência é aumentar. Todos os preconceitos com relação à tecnologia são derrubados. É um grande benefício e tira o problema do erro humano”, diz.
O especialista diz que há muitos avanços que podem ser tão ou mais eficientes do que a atuação de um porteiro. “Hoje um sistema de reconhecimento facial, que era impensável há pouco tempo por causa do custo, hoje está acessível, a tecnologia avançou muito e eles estão muito mais baratos. Isso acaba com a situação em que o porteiro abre o portão porque acredita que aquela pessoa é moradora do prédio”, destaca.
Um leitor facial, segundo Barbosa, custava antes da pandemia cerca de R$ 15 mil, hoje pode ser encontrado a partir de R$ 1,5 mil. Para a segurança de uma casa, os produtos também estão muito mais acessíveis, sendo que há kits que podem ser comprados em pacotes pela internet e alguns podem ser instalados pelo próprio morador, que vai ter o monitoramento da sua casa na palma da mão, por meio de um aplicativo no celular. “Um conjunto de CFTV (circuito fechado de tv) com oito sensores e sirene sai por menos de R$ 1 mil, o instalador vai cobrar mais ou menos a mesma quantia então é bem acessível”, explica.
Tanto para uma casa, quando para um condomínio não há soluções únicas, cada projeto deve ser feito sob medida para evitar erros como o do prédio de São Caetano. Um modelo não serve para o outro, cada prédio ou casa tem suas características e necessidades. “Não adianta colocar um sistema muito avançado também, se os usuários não vão se adaptar, então tem que ser um projeto personalizado e funcional”, diz Barbosa.
Na área da administração pública, Silvano Barbosa também concorda com a presidente da Abese de que os totens de segurança serão uma tendência para este ano. Eles já estão instalados em pontos de Diadema e logo outras cidades também vão implantar o sistema e o principal é que eles podem cruzar informações com bancos de dados. “Dezenas de cidades estão com licitações em andamento para a compra desse produto e as escolas também estão interessadas em usar totens para monitoramento”, afirma.
O especialista em sistemas de segurança também acredita em um crescimento de pelo menos dois dígitos por ano. “Isso é reflexo da falta de segurança nas cidades e da tecnologia que facilita o acesso aos equipamentos. Nos últimos anos crescemos de 13% a 25%. A portaria remota e o vídeo analítico foram os dois mercados que mais chamaram a atenção. São usados para muitas situações, não só para segurança, mas para o controle do número de pessoas em determinado local, por exemplo”, diz.
Selma Migliori, acrescenta ainda outro produto na lista dos “queridinhos” do mercado. São sistemas de alarme com sensores dotados de inteligência artificial que aprendem como é a rotina do local monitorado e fazem alertas a cada situação diferente dessa rotina. “Esse é uma tendência e, juntamente com a IOT (internet das coisas), estão mais acessíveis”, completa.
Via: https://www.reporterdiario.com.br/noticia/3214715/mercado-de-seguranca-cresce-amparado-no-5g-e-reconhecimento-facial/